segunda-feira, 18 de setembro de 2017

'Eu conheço o Palocci bem', disse Lula a Moro. Freud explica?

Por Nelson Valente, professor universitário, jornalista escritor - Diário do Poder
Foi a experiência clínica com seus pacientes [Sigmund Freud] que o levou à surpreendente descoberta de que ações delituosas eram praticadas principalmente por serem proibidas e por sua execução acarretar, para seu autor, um alívio mental. Este sofria de um opressivo sentimento de culpa, cuja origem não conhecia, e, após praticar uma ação má, essa opressão se atenuava.

''Eu conheço o Palocci bem”, declarou Lula ao Juiz Sergio Moro. “O Palocci, se não fosse um ser humano, ele seria um simulador. Ele é tão esperto que é capaz de simular uma mentira mais verdadeira que a verdade. O Palocci é médico, calculista, é frio...”

O ex-Presidente da República , fala com convicção e clareza, como do alto de sua “cátedra”, gesticulando as mãos em bom italiano. Sempre à cata de uma referência erudita ou de uma metáfora mais apropriada. Lula penetra no mundo das palavras como se entrasse num mosteiro com devoção, quase obsessivamente. É pouco dizer que ele é erudito: é curioso do tipo patológico, acrescido de um perfeccionismo obstinado: a imagem intencional do discurso adequado.

Lula fantasiado de caçador e Moro a caça. Um dia é da caça, outro do caçador... (Diz o dito popular).

A boemia dos verbos é que mutilam a boa ordem das frases. Há que lhes perdoar. Não se desgrudam da ideia de movimento. Sugiro-lhe, amistosamente, uma consulta a qualquer psicanalista. Bolas, Lula podia dormir sem ESSA. O tiro saiu pela culatra. Era o dia da caça.

Nosso código penal e as práticas religiosas do ascetismo, flagelação e penitências, baseiam-se nele. O pecador libera-se da culpa pela penitência e o criminoso fica liberado e pode voltar à sociedade, depois de ter expiado sua culpa, cumprindo plenamente sua pena.

Assim, um dos mecanismos da defesa do EGO mais comum é baseado neste silogismo emocional de raízes psicológicas profundas: que o sofrimento expia a culpa.

Através do sofrimento, as pretensões do SUPER-EGO são satisfeitas e sua vigilância contra as tendências recalcadas se relaxa, uma vez que as debilidades culposas do EGO ficam punidas.

Existe uma sequência de acontecimentos derivados desse raciocínio: mau comportamento - ansiedade - necessidade de punição - expiação - perdão e esquecimento. Para minorar a ansiedade nascida do sentimento de culpa, surge o desejo de ser punido para não ser rejeitado e continuar sendo amado. A própria pessoa culposa pode chegar a punir a si mesma ou exigir que outros a castiguem.

Este desejo de purificação, junto com um outro sentimento oculto de ser admirado e ser amado por seus grandes sofrimentos (ser a mais sofredora), é o que leva muitos indivíduos ao masoquismo.

Os indivíduos deste tipo castigam a si próprios, internamente através de seus sintomas patológicos (doenças somáticas), como vimos na conversão, ou por penitências e castigos externos (flagelação). NEGAÇÃO - FUGA - ISOLAMENTO. Com frequência usamos o mecanismo da negação do mundo exterior e dos conflitos interiores resultantes, quando nosso EGO se sente incapaz de superá-los.

Passamos a "ignorá-los" para não ter que aceitá-los. "Estão verdes, dizia a raposa das uvas, que não podia alcançar"... Perante a impossibilidade de enfrentar certos fracassos ou situações extremamente difíceis de serem superadas, um EGO enfraquecido prefere fugir para situações que supõe mais aceitáveis.

Na impossibilidade de aguentar um pai extremamente rigoroso, na impossibilidade de casar, ou no caso de um namoro fracassado, a pessoa pode usar o expediente de ir procurar fortuna no exterior, ingressar no exército, ou num convento. São outros tantos exemplos de fuga.

O isolamento é outra variante de fuga. Nos casos de angústia invencível, o indivíduo, frequentemente, desiste e isola-se do drama.

Quem não pode prevalecer sobre outra pessoa ou se sente fracassar em seu relacionamento com ela, "isola-se dela" e corta as relações com ela...

Às vezes isto se generaliza extraordinariamente e o indivíduo torna-se totalmente isolado, introvertido e neurótico ou a dois passos da neurose, ou pode chegar à própria esquizofrenia. De certo modo, muitos introvertidos não o são por condicionamento filogenético, mas por condicionamento psíquico-educacional, por causa desta classe de "fuga" ou isolamento. Ou são geralmente ambivalentes: muito faladores e às vezes, sentem grande prazer em estar sozinhos.

A PROJEÇÃO Mecanismo de defesa do EGO dos mais comuns e radicais, a PROJEÇÃO consiste em transferir, para as pessoas e objetos de nossas relações, os nossos conflitos internos inaceitáveis.

Ao contrário da conversão pela qual os transferimos para nós mesmos convertidos em sintomas ou doenças, na projeção os transferimos para o exterior, para as outras pessoas ou coisas.

Não só os impulsos hostis agressivos e sexuais, mas tudo o que é recalcado pode ser projetado para os demais. "Não sou eu que o amo... mas ele que me procura...; não sou eu covarde, indiscreto, desonesto, ladrão, imbecil, etc., mas ele sim ...; não sou eu que o odeio, mas ele sim que me odeia..." - "Não desejo atacá-lo, é ele quem deseja atacar-me." Em casos extremos, esta atitude atribui aos outros qualidades totalmente inventadas, como nos delírios de persecução dos paranóicos; outras atribui aos outros as qualidades que ele mesmo tem; em casos mais leves basta exagerar as qualidades dos outros, para disfarçar as próprias.

A esposa, por exemplo, esquece seu próprio ódio, ou seu ciúme e acusa o marido destes defeitos; o marido, por sua vez, pode disfarçar seu desejo inconsciente de enganar a esposa, acusando-a de traição.

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