sábado, 30 de abril de 2011

Presidente da AEBA sobre o caso Capaf: "Resistir é preciso, agora mais do que nunca"

* A que o senhor atribui o pouco interesse da grande imprensa em divulgar a "questão CAPAF", que, praticamente, só tem sido noticiada pelos Blogs ?

Silvio Kanner - Isso realmente tem acontecido. Há varios fatores que explicam. O primeiro é própria dificuldade do tema. A Previdência Complementar, aliás, a previdência em geral não é um tema fácil. Para se ter uma idéia de sua complexidade, a maioria das pessoas acredita no que diz o governo, por exemplo, que a previdência pública é deficitária. A segunda razão é a especificidade do tema; todavia, a mais importante é a dificuldade da grande imprensa de se desvencilhar de certas amarras econômicas. O que mais me preocupa não é a "falta de cobertura" mas, sim, o tipo de cobertura sobre o tema levado a cabo tanto pelo Diário do Pará quanto pelo "O Liberal". Notas curtas, que pouco dizem, confundem mais do que esclarecem e, nesse caso especifico, colocam palavras na boca das pessoas. Nunca informei ao Liberal, por exemplo, que estava procurando um "politico" para me "agarrar". Gostaria que o jornal me ouvisse antes de publicar esse tipo de nota. Felizmente, o momento atual nos presenteia com a existencia de canais de midia alternativa, como os Blogs, que se fortelecem a cada dia um pouco mais. . As redes sociais vieram para ficar e estão contribuindo decisivamente para a democratização dos meios de comunicação social, permitindo que cada classe ou grupo social possa defender suas idéias e propostas em canais abertos e verdadeiramente democráticos. Nessa questão da CAPAF devemos muito aos Blogs,principalmente a "O Mocorongo", ao "Espaço Aberto" e ao da "Franssinete Florenzano". Infelizmente, não podemos dizer o mesmo dos jornais.

* Uma das "estratégias de convencimento" usadas em prol da adesão aos novos planos saldados da CAPAF é a de que a questão poderá se arrastar por longos anos na Justiça sem uma solução favorável aos aposentados e pensionistas, que não teriam mais muito tempo para esperar, apostando-se na morosidade da Justiça como aliada do Basa e Capaf. Outra "estratégia" que está sendo usada sutilmente é a de espalhar a inseguran ça e o medo diante da incerteza do pagamento de aposentadorias e pensões no mês de maio, como já aconteceu nos meses de janeiro, fevereiro e março.
Como está essa questão na Justiça do Trabalho ? Saiu alguma nova sentença garantindo esse pagamento pelo Patrocinador da CAPAF, que é o Basa , até que se encontre uma saída definitiva para o impasse ?

Silvio Kanner - A saida definitiva para impasse já está estabelecida. A Justiça do Trabalho concedeu duas liminares que garantem o direito dos aposentados e pensionistas a receberem os seus beneficios. O Banco perdeu o mandato de segurança nas duas ações. O que mais me intriga é a persistencia no método de convencimento. No inicio dessa questão, ao final do ano passado, os defensores dos planos saldados diziam que não havia outra alternativa, inclusive levantando um argumento que ofende o poder judiciário brasileiro. Esses processos são de fato um pouco demorados, mas temos mecanismos judiciais como a Antecipação dos Efeitos da Tutela que, aliás, tem permitido que os participantes assistidos da CAPAF recebam o seu beneficio e não morram à míngua. A ameaça, a desesperança, a politica do convencimento pelo medo não vão nos vencer. Se o Banco da Amazônia está com dificuldades ou não para pagar sua divida com esses trabalhadores, a diretoria do Banco deve dizê-lo abertamente e deve informar tanbém à Justiça do Trabalho, pois, nesse caso, estará descumprindo uma decisão judicial. Se um gestor público qualquer nao tem condições de cumprir uma decisão judicial o mais honesto a fazer é entregar o cargo.
Aliás, soa muito estranha essa nova "estratégia" de alegar dificuldades financeiras para honrar o pagamento da Folha mensal de Benefícios dos Aposentados, numa tentativa de "comover" a Justiça do Trabalho quando se sabe que o Basa aprovou recentemente um "aditivo" ao milionário contrato com a Consultora Internacional Deloitte, comprometendo-se a pagar mais R$-5 milhões para a segunfda fase do processo de implementação dos novos planos saldados da CAPAF. Na primeira fase, a do "convencimento", a Consultora já tinha levado outros tantos milhões para deslanchar o seu "plano de comunicação" , que se revelou um fiasco, pois foi rejeitado pela maioria dos aposentados e pensionistas, que se negaram a ir para o "cadafalso ", renunciando a seus direitos adquiridos, como pretendiam os "comunicadores" e " vendedores" de um produto que já nasceu contaminado pelo "virus" da prepotência . Arrogantes, os "comunicadores" da Deloitte e do eixo Basa-Capaf desprezaram as entidades e as lideranças dos aposentados e pensionistas e se deram mal. Muitos colegas da ativa, aposentados e pensionistas que aderiram sob pressão e assédio moral estão se sentindo logrados e já estão requerendo a sua "desopção" , com a retirada do draconiano instrumento de pré-adesão. Eles têm esse direito, pois lhes foi dito que o Plano só seria implantado com 95% de adesões. Segundo dados não oficiais, essa adesão não passou de 48%. O presidente da CAPAF diz que já está quase em 60%, mas não prova com números suas afirmações fantasiosas.

* Saiu hoje na imprensa que o senhor estaria mantendo gestões com políticos para promover uma audiência pública sobre a questão CAPAF. É válida essa alternativa ? A PREVIC , órgão do governo que fiscaliza os Fundos de Pensão, seria convidada a participar dessa audiência ?

Silvio Kanner - Não gostei da forma como a notícia foi publicada. Já falei sobre isso acima. A situação dos fundos de pensão, ou seja, da previdência complementar no Brasil não tem a menor importância para a grande imprensa. Aproximadamente 96% das ações do Banco da Amazônia pertencem ao governo federal, estamos falando, portanto, da esfera do estado, da política. Nossa função é organizar e mobilizar os trabalhadores e através dessa luta buscar os apoios políticos e sindicais necessários. Não subordinamos a luta dos trabalhadores aos interesses de políticos ou de governos ou mesmo da patronal como fazem os sindicatos da CUT e da Força Sindical, mas buscamos sensibilizar os políticos para as demandas sociais, como as reivindicações e necessidades dos trabalhadores. Temos uma luta para travar e vamos em busca de apoio, mas essa luta foi decidida e será dirigida pelos trabalhadores. Nesse sentido, estamos preparando informações e pedindo apoio a diversos parlamentares.Até o momento a Senadora Marinor Brito tem nos ajudado muito, mas estamos procurando articulações também em Brasília e alguns deputados do Pará nos tem procurado, manifestando interesse em conhecer as peculiaridades do "caso CAPAF" e em debater o tema . Já fizemos contatos e articulações visando construir uma audiência no Congresso Nacional para debater o tema da CAPAF e do próprio Banco da Amazônia, como a escolha de sua próxima diretoria.. Esse instrumento é muito importante. Recentemente, houve uma audiência no Senado sobre a questão e nossa assessoria jurídica de Brasília abordou nessa audiência alguns aspectos do tema CAPAF.

* - É verdade que a ex-SPC , atual PREVIC, passou sete anos (1993/2000) participando da gestão da CAPAF numa espécie de intervenção branca? Por que, então, ela não resolveu as deficiências atuariais e promoveu o saneamento da entidade, na época?

Silvio Kanner - Temos vários documentos que comprovam isso. Nossas ações judiciais estão fartamente documentadas. Não conseguimos decisões favoráveis de qualquer forma. O que mais nos choca nesse caso é que o diretor fiscal da PREVIC chegou a relatar que a gestão da CAPAF apresentava problemas exatamente por ser passiva a todas as exigências do patrocinador Banco da Amazônia. Nesse período, o déficit atuarial da CAPAF multiplicou por dez.

* Quais as perspectivas reais de uma solução para a situação da CAPAF ?

Silvio Kanner - A melhor solução para a CAPAF e a mais barata é o Banco assumir os benefícios mensalmente, respeitar os direitos dos participantes do Plano BD e o direito à previdência suplementar dos novos funcionários. É a mais barata por que o Banco tem provisões para pagar 10 anos da folha do BD. Vide balanço patrimonial publicado nos jornais e no site do Banco. A solução que o Banco e a CAPAF tentam impor é deveras prejudicial aos participantes – pois retiram direitos e rebaixa benefícios. Queremos criar as condições que permitam reabrir as negociações. Reiteramos aos participantes da CAPAF, principalmente do BD, que o termo de pré-adesão não implica na migração, ainda é possível desistir. No site da AEBA há um requerimento preparado pela Assessoria Jurídica cujo objeto é a desistência da pré-adesão. A justiça, através das entidades representativas dos trabalhadores do Basa, já garantiu o pagamento da folha do BD nos meses de abril e março e acreditamos na consolidação desse caminho. Isso significa que a decisão sobre a migração se estabelece em outro marco, não mais do ultimato e da perspectiva de ficar sem complementação previdenciária, mas na livre decisão de cada participante e assistido. Sendo assim , acreditamos que a melhor decisão para os membros do BD é não migrar. Não podemos entregar nossos direitos. Resistir é preciso, agora mais do que nunca.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Ninita - 100 anos

continuação...

Ainda agora recebo de Isoca, por ele gravada em fita magnética, ao piano, deliciosa reminiscência sonora ou seja, duas dezenas de músicas do tempo da cena muda... Cinema Vitória, Isoca tocando; cine Guanabara, Ninita se exibindo. Tenho reavivado lembranças queridas do distante mundo róseo dos meus doze, treze, catorze anos. Lembranças de Ninita tocando, deleitando platéias que fruiam belos momentos de bons filmes e boas músicas; de Ninita se exibindo, conquistando o eleito de seu coração, o colega de quarteto, depois seu esposo, Miguel de Oliveira Campos.

Na infância e na adolescência, é logico, Ninita teve vida escolar também. Fez primário no Grupo Escolar e supletivos nas escolas do Prof. Altino Mendes de Nóvoa e Fênix Caixeiral. "Mãos de anéis", aprendeu filé com as irmãs Salgado e bordado, corte e costura com D. Rosinha; mas disso guardo apenas imagens esparsas e pouco nítidas.

Maria Annita (Dias da) Fonseca de Campos foi artista completa, tanto na sensibilidade quanto no virtuosismo. Quando se exibia sentia-se nela a presença de uma artista que se impunha com autoridade no teclado e como possuidora de inconfundível personalidade artística. De seu repertório de clássicos faziam parte Valsas, Noturnos e Estudos de Chopin. Mozart não lhe era desconhecido. E dada a necessidade de acompanhar Joaquim Toscano nas suas exibições líricas, conhecia as partituras completas das óperas "Il Guarany" de Carlos Gomes; "La Bohème" de Puccini e "Aida" de Verdi e vários trechos de "Pagliacci" de Leoncavallo; "Rigoleto" de Verdi; "Tosca" de Puccini; "L'Elisir d'Amore" de Donizetti; das operetas "Gheisha" de Sydney e "Viúva Alegre" de Franz Lehar, sendo que esta inteiramente também. A protofonia de "Il Guarany" fez parte de vários líteros-musicais de que participou. Repito: foi artista completa tanto no virtuosismo quanto na sensibilidade.
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Foi assim Maria Annita menina, adolescente e moça feita. Um dia casou-se e "entrou em compasso bissexto". Nestes 34 anos de venturosa união, por insistência de Wilson, apresentou-se em público três ou quatro vezes, assim mesmo com ele ao piano em números a quatro mãos. Por que? Nasceu Salete e a pianista a partir daí deixou de ser pianista para ser apenas MÃE. E grande mãe! Retrato fiel de nossa mãe!...
Vilmar Dias da Fonseca
São Paulo, setembro de 1973.
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A filha Lourdes, diz:

E eu complemento: MÃE maravilhosa, que soube semear a bondade e a justiça; soube vivenciar a caridade; soube amar e educar os filhos. MAMÃE foi irretocável em tudo que fez. Soube cumprir sua missão de forma ímpar. Esposa exemplar, dona de casa responsável, professora (piano e datilografia) dedicada...
AVÓ e BISAVÓ muito querida.

Obrigada, meu Deus, por essa mulher maravilhosa que nos emprestaste por longos 95 anos. E pelo PAI que mais cedo levaste, aos 77 anos de idade.

Belém, 27/04/2011
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Annita nasceu em MAIO, mês das flores, mês de Maria, mês das MÃES...
Filha de José Agostinho e Anna, não é de se estranhar que tenha começado seus estudos de piano, com o pai, aos 8 anos de idade. Naquela casa, respirava-se música...Cresceu, casou-se com Miguel, seu colega de orquestra e constituiu família. Foram 8 filhos, 7 vivos, que lhe deram netos e bisnetos.
Mulher tímida, de baixa estatura... mas uma gigante no pensar e agir.
Admirável em todos os aspectos.
Maravilhosa!
Inesquecível!

terça-feira, 26 de abril de 2011

Até empregados domésticos incluídos entre os "fantasmas"

O Ministério Público do Estado já colheu o depoimento de 14 "fantasmas" da Assembleia Legislativa. Segundo o promotor Arnaldo Azevedo, muitos desses laranjas sequer sabem o endereço daquela Casa. Os protagonistas do esquema, que tem denegrido a imagem do Poder Legislativo, enganavam pessoas humildes para conseguir desviar dinheiro dos cofres públicos. Grande parte dos fantasmas morava no bairro da Terra Firme, em habitações precárias, sendo que a maioria teve seu nome envolvido no golpe por serem trabalhadores domésticos de funcionários da Alepa que faziam parte do esquema ou de algum conhecido dos fraudadores. "Eles (laranjas) entregavam os documentos com a promessa de que no final do ano receberiam brinquedos ou cestas básicas", revela Arnaldo. Sem saber, essas pessoas eram incluídas na folha de pagamento com salários que variavam de R$ 4 mil a R$ 16 mil.

"O mais repugnante não é o desvio de recursos públicos, que o povo já está calejado de tanto escândalo. O que mais causa desprezo é a utilização da miséria alheia, de pessoas humildes, que moram em subúrbios de Belém, que eram trabalhadores domésticos ou nunca tiveram a carteira de trabalho assinada, nunca tiveram um emprego. As pessoas eram ludibriadas. Essas pessoas não recebiam vantagem alguma e não sabiam que estavam na folha. Uma exploração sórdida", destacou o promotor. As residências dessas pessoas foram visitadas pelo MP, que registrou as condições de habitação em fotos, anexadas ao inquérito. As vítimas vão desde vendedores de feira, donas de casa, domésticas e também foi identificado o caso de um servidor público do município de Benevides.

Entre as vítimas do esquema, havia pessoas que encaminharam currículos à Assembleia, contendo números de documentos pessoais, que foram usados para a inclusão na folha. Quando essas pessoas foram informadas pelo MP que estavam na folha da Alepa, demonstraram espanto e indignação. Mas o promotor não descarta algumas situações em que os funcionários aceitavam obter vantagens financeiras ilegais para elevar o próprio contracheque em troca de dividir o salário com alguém. "É uma forma de exploração imoral, uma afronta ao princípio da moralidade pública", criticou Azevedo.

O promotor Arnaldo Azevedo afirmou ainda ser pouco provável a realização de novas buscas e apreensões, uma vez que o MP já está de posse dos documentos que procurava. Ele conta que na operação da semana passada foram encontrados vários documentos que reforçam as denúncias de irregularidade durante a gestão de Juvenil. O procedimento investigativo na Assembleia começou em março, com prazo de 90 dias para ser concluído. O promotor diz que o objetivo agora e traçar uma agenda de trabalho conjunta, envolvendo também o Ministério Público Federal (MPF) e Ministério Público do Trabalho (MPT), uma vez que já existe uma ação de improbidade administrativa impetrada pelo MPT, em 2009 – durante a gestão de Juvenil – por causa da contratação de temporários.

Pressão - Aumenta a pressão popular em torno dos deputados estaduais para a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), com o objetivo de apurar as denúncias de fraude envolvendo o setor de pessoal da Assembleia durante a gestão do ex-presidente peemedebista Domingos Juvenil. Hoje, movimentos sindicais e comunitários fazem uma manifestação em frente ao Palácio Cabanagem, sede do Poder Legislativo, para protestar contra a impunidade e cobrar dos parlamentares a instalação da CPI.

A proposta de criação de uma CPI para investigas fraudes na folha de pessoal da Casa foi feita pelo deputado Edmilson Rodrigues. Das 14 assinaturas necessárias para a aprovação do documento, dez estão garantidas. (No Amazônia)

domingo, 24 de abril de 2011

Festa Real

Onde assistir à festa

GLOBO - Hoje (24), o ‘Fantástico’ faz matéria sobre as preparações de Londres para o casamento. De amanhã a quinta-feira, ‘Jornal Hoje’ e ‘Jornal Nacional’ mostram, a cada dia, uma novidade. Na sexta, o ‘Bom Dia Brasil’ vai entrar no ar por volta das 6h50, com participação da consultora de moda Glória Kalil. O ‘Mais Você’ será dedicado ao matrimônio.

GNT - De amanhã ao dia 28, às 17h, será exibida a minissérie ‘A História de uma Princesa’, sobre Lady Di. Na sexta, transmissão ao vivo, com Lilian Pacce, Astrid Fontenelle e Julia Petit, a partir das 6h.

GLOBO NEWS - Hoje, às 20h30, ‘Globo News Especial’ fala da influência da realeza. Amanhã, às 23h30, o ‘Milênio’ é dedicado ao tema. Quarta, o ‘Arquivo N’, às 23h, relembra os casamentos reais. Na quinta, o ‘Edição das Dez’ será especial. Sexta, a transmissão começa às 5h.

DISCOVERY CHANNEL - Serão exibidos dois programas hoje: ‘William, Kate e Oito Bodas Reais’, às 20h, com os bastidores; e, às 21h, ‘William e Kate: Um Noivado Real’, com um perfil do casal.

E! Um especial sobre a princesa Diana irá ao ar amanhã, às 20h. Depois, às 21h, outro programa falará sobre as jovens personalidades reais. Haverá retrospectiva e análise do casamento na noite do dia 29, a partir das 22h.

sábado, 23 de abril de 2011

Aderir ou não ao novo plano da Capaf (Por José Roberto Duarte)

Mais de 1.700 pessoas ainda não aderiram ao novo plano, mas, caso alguém resolva aderir, deve levar em consideração quatro alternativas, a saber:

1.ª) OPÇÃO COM 95% DE ADESÃO

Quem optar perde todos os direitos conquistados e abdica de outros, em especial os seguintes: não mais terá a garantia da cláusula “como se na ativa estivesse” e desiste de todas as ações judiciais, pagando, por sua conta, advogados e tutelas antecipadas recebidas. Seu benefício mensal será menor do que é hoje, o qual terá reajustes anuais abaixo da inflação, na maioria das vezes. A contribuição de 27,16% será reajustada brevemente, pois o plano já nasce deficitário, além de não ter garantia de continuidade, não podendo nem ao menos recorrer à Justiça para pleitear alguma coisa, pois terá dificuldade para sustentar argumentos, já que desistiu de tudo.

2.ª) OPÇÃO SEM ATINGIR OS 95%

Mesmo optando pelo novo plano, isto não quer dizer nada nesta alternativa, pois a CAPAF será liquidada. Os associados receberão parte do patrimônio, se existir, e as ações judiciais não terão mais sentido. Porém, é importante lembrar que o BASA deve à CAPAF cerca de R$ 552 milhões, que serão cobrados pela liquidante (PREVIC) e distribuídos aos associados. Essa dívida, no entanto, é bem maior, pois não estão computados os juros de mais de 20 anos que o BASA deixou de pagar pelo uso indevido do dinheiro da CAPAF.

3.ª) NÃO OPÇÃO COM 95% DE ADESÃO

Quem não optou será compelido a sair do plano, recebendo sua reserva matemática (todo o dinheiro que seria recebido até o resto de vida) e continua com as ações judiciais (embora a CAPAF diga o contrário).

4.ª) NÃO OPÇÃO SEM ATINGIR OS 95%

Mesmo não optando pelo novo plano, a CAPAF será liquidada e os procedimentos são iguais aos da segunda alternativa.

Tudo está escrito; não inventei nada.

Fora dessas alternativas, existem rumores que o novo plano será fechado com 60% de adesão, pois é praticamente impossível alcançar os 95%. Neste caso, quem aderiu situa-se na primeira alternativa e quem não aderiu provavelmente continuará no seu plano atual. Se isso ocorrer, o pessoal que aderiu acabou caindo em uma armadilha, como ocorreu com o AMAZONVIDA, abdicando de seus direitos sem ganhar absolutamente nada e ainda vai ter que pagar de seu bolso advogados e tutelas antecipadas.

Ainda há a possibilidade de a Justiça mandar o BASA pagar todos os compromissos da CAPAF. Vejam o que concluiu Arnaldo Sussekind, um dos maiores e mais respeitados juristas do Brasil, ao analisar a situação da CAPAF: “Ainda que a CAPAF venha a ser extinta, seja porque motivo ou forma, o Banco empregador está obrigado a cumprir as obrigações que resultaram da existência da Caixa por corresponderem a direitos adquiridos dos empregados, aposentados ou não”.

A decisão de aderir ou não é de cada um. Mesmo quem já aderiu, nada impede de voltar atrás, bastando pedir de volta os documentos de opção. E deve fazer isso logo, antes de a CAPAF fechar o novo plano.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Vânia presta esclarecimento sobre o caso TV Tapajós e Jader

Não costumo fazer isso, mas em decorrência de notícias e especulações veiculadas por parte da imprensa, resolvi fazer essa manifestação, para que as pessoas de bem que estão acompanhando os problemas existentes no espólio de nosso pai Joaquim da Costa Pereira, possam fazer juízo de valor pautado na realidade dos fatos, agora melhor conhecidos.

Não podemos negar alguns conflitos entre os herdeiros do espólio de nosso pai Joaquim da Costa Pereira, que teve a vida pautada no trabalho e na dedicação à família.

A empresa Rádio e TV Tapajós é objeto de divergências dos herdeiros, que recebem de graça um patrimônio considerável, composto ainda por duas empresas menores e mais alguns imóveis de valores relevantes.

Como muitos sabem, a Rádio e TV Tapajós foi fundada em 1979 e dela faziam parte dois sócios, Joaquim da Costa Pereira e Paulo Campos Correa.

Vou relatar a história sobre a qual parte eu tinha conhecimento, inclusive como testemunha de um fato importante, e a outra parte fiquei sabendo recentemente quando vi os documentos que geraram este “imbróglio” societário que hoje vem à tona de maneira atabalhoada, e nem sempre condizente com os fatos. Há alguns anos (hoje sei que em 1988) o Sr. Paulo Correa vendeu por contrato particular dito de gaveta as suas cotas (50%) da Rádio e TV Tapajós para o Sr. Eduardo Grandi (advogado em Belém), que logo depois repassou esses direitos do mesmo modo para a empresa Locadora Belauto, de Belém, pertencente ao empresário Jair Bernardino. Em julho de 1989 foi feito outra cessão de direitos da Belauto para Joaquim e Vera Pereira, mês em que fez-se uma alteração contratual como se o Sr. Paulo Correa tivesse vendido suas quotas para Joaquim e Vera Pereira, nossos pais. Na mesma ocasião foi assinado um contrato de promessa de compra e venda de gaveta de Joaquim e Vera Pereira para a Belauto Automóveis e mais uma alteração contratual sem data onde Joaquim e Vera vendiam 50% da TV Tapajós para o Sr. Jair Bernardino (nunca apresentada na JUCEPA). O Sr. Jader Barbalho adquiriu da Belauto a participação societária na TV Tapajós. Meu pai foi apenas informado sobre essa transferência dos direitos de 50% do capital da TV Tapajós da Belauto para o Sr. Jader (esta informação vi recentemente). Em 2001, O Sr. Jader Barbalho resolveu regularizar a situação do direito dele. Aqui gostaria de abrir um parêntese e prestar um esclarecimento: em janeiro de 2001 (recentemente vi que foi precisamente dia 03 de janeiro) fui chamada pelo meu pai para ir a sua sala, na sede da TV Tapajós. Ao entrar vi que estava minha mãe, Vera, meu pai e mais três pessoas, reconheci os Srs. Jader Barbalho e Márcia Centeno, o outro não (depois soube que era um advogado que não sei o nome). Neste momento fui testemunha da assinatura de um documento que era uma alteração contratual da Rádio e TV Tapajós. Meu pai, minha mãe e o Sr. Jader assinaram o documento e meu pai pediu para eu assinar como testemunha, e assinei. Entendi que meu pai, homem íntegro que era, reconhecia naquele ato o direito do Sr. Jader Barbalho, e assinou sem nenhuma observação a alteração contratual aceitando-o como sócio, pois havia adquirido 50 % do capital da Rádio e TV Tapajós que pertencia a Belauto, que por sua vez havia comprado do Sr. Eduardo Grandi e este do Sr. Paulo Correa. Desses fatos todos eu tinha conhecimento verbal do último, os outros só fiquei sabendo recentemente. Após este ato, meu pai me disse de viva voz que o Sr. Jader Barbalho era dono dos 50% das cotas da TV Tapajós, mas que isto era um fato que não podia aparecer e determinou que este assunto eu não comentasse com ninguém. Meu pai ainda comentou que Jader e ele haviam feito um acordo de cavalheiros de que o Sr. Jader não interferiria em nada na administração da TV Tapajós e que este contrato deveria permanecer oculto. Fui fiel a promessa que fiz ao meu pai e por este motivo não comentei e não admiti o fato enquanto ele esteve entre nós.
Para que fique registrado na história, é importante salientar que nosso pai não alienou, não negociou com nenhum dos que de fato adquiriram os direitos de 50% das cotas da TV Tapajós, vendidas pelo Sr. Paulo Correa.
Sei que este assunto foi comentado por meus pais aos outros irmãos gerados do casamento e disso minha irmã Verinha é testemunha. Tanto é que no inventário de nossa mãe (que faleceu três anos antes de papai) foi considerada por todos os cinco herdeiros a valorização da TV Tapajós como se fosse só 50% devido a existência deste sócio oculto, e que a empresa como um todo deveria ser passada para ser decidida no espólio de nosso pai. Sei que nosso meio irmão, Joaquim Cardoso, se não ouviu de viva voz de nosso pai sobre este fato, sempre ouviu dos irmãos comentários sobre a existência deste sócio. Por isso estranho e não concordo que os quatro irmãos homens, apesar de terem conhecimento do fato há muito tempo, insistam agora em não reconhecer tal situação. Registro que falei a todos os irmãos, em reunião na própria empresa após a morte do papai, que existia um documento assinado pelos nossos finados pais que se referia à situação societária da Rádio e TV Tapajós. Diante dessa situação eu fico apreensiva porque, apesar de ter testemunhado a assinatura da alteração contratual em 2001, não tinha cópia do documento e por isso, na qualidade de inventariante do espólio, tinha dificuldades para incluir este fato dentro do inventário, por conta das reações que podia gerar, inclusive poderia parecer que eu estava “entregando” o patrimônio da empresa à outra pessoa, sem ter um documento em mãos. Tinha receio dos meus irmãos tentarem me desqualificar e solicitar a minha remoção do exercício da inventariança sob a alegação de que eu queria tirar alguma vantagem pessoal ou prejudicá-los promovendo a desvalorização do principal bem do espólio. Estava num mato sem cachorro, porque sabia da existência de um sócio, mas não tinha como provar. Também estranhava o fato de que, decorrido tanto tempo da morte do papai, o sócio oculto não ter se habilitado no processo de inventário e nem ter nos procurado para exigir o seu direito.

No final de março recebi uma ligação do Sr. Jader Barbalho informando que eu seria procurada por um emissário dele para tratar da TV Tapajós. No dia 29 de março recebi a visita do Sr. Luziel Guedes, que me entregou cópias dos documentos juntados no processo de inventário e repassados aos advogados de todos os herdeiros (alteração contratual assinada em 2001 e comprovante do registro na JUCEPA) com as assinaturas reconhecidas em 2011 e já registrada na Junta Comercial do Pará e a informação de que já havia sido feito declarações retificadoras no imposto de renda do Sr. Jader. Desta forma acho que a situação antes de fato foi estabelecida no âmbito formal e por isso ele decidiu apresentar os documentos à inventariante para procurar resguardar seus direitos, já que o patrimônio da herança seria objeto de partilha entre os herdeiros de Joaquim Pereira, embora existiam conflitos pontuais no processo de inventário.

Preocupada com os riscos e possíveis conseqüências ao espólio, imediatamente solicitei uma reunião extraordinária com a diretoria da Rede Globo e comuniquei todos esses fatos agora sabidos por inteiro. Depois tomei a providência de comunicar no processo de inventário e aos advogados dos herdeiros, para que o Juiz e os herdeiros tomassem ciência do fato novo importante.

Nestes anos todos que estamos à frente da gestão da Rádio e TV Tapajós, somos testemunha de que o Sr. Jader nunca participou da administração, nunca interferiu no jornalismo ou comercial, nunca recebeu pró-labore, nem participação nos lucros (que jamais foram distribuídos e nenhum sócio recebeu, pois os lucros foram sempre reinvestidos na empresa), nunca investiu ou teve qualquer influência na condução desta empresa. Registro também que em conversa com o Sr. Jader, após receber os documentos em fins de março, percebi que a sua decisão foi para resguardar os seus direitos.
Incomoda meus irmãos estarem querendo dizer que o fato não existe, e fazem insinuações maldosas, sem falar em outros adjetivos que lamentavelmente tentam imputar a minha pessoa. Nada, além dos fatos, tenho para colocar em minha defesa. Os fatos estão aí, existem, e sinceramente não sei a quem cabe imaginar que o sócio oculto não viria garantir o que entende ser de direito; ouso dizer que qualquer um de nós também o faria. O Sr. Paulo Correa está muito bem entre nós e pode dar o seu testemunho dos fatos, que sinceramente eu desconhecia maiores detalhes, o conteúdo material, a natureza jurídica e a extensão de todos os episódios e documentos que aqui relatei, porque o que nos foi passado por nosso pai, da mesma forma como deu conhecimento aos meus irmãos do casamento, foi de que o Sr. Jader era sócio e detinha 50% das cotas da Rádio e TV Tapajós. Confirmo isto e sempre afirmei aos meus irmãos que vi, e isso direi em qualquer lugar e em qualquer situação, de fato vi meus pais assinarem a alteração contratual em 2001, documento agora publicamente apresentado com reconhecimento das assinaturas. Fui testemunha deste fato e sempre falei isto aos nossos irmãos.

Outro esclarecimento que gostaríamos de fazer de uma vez por todas: não é verdade que não prestamos contas do espólio aos herdeiros. Desde que nosso pai faleceu, após ter sido nomeada inventariante, prestamos contas todos os meses aos herdeiros e agora à justiça. No ano passado inclusive foram feitas conferências in loco, uma verdadeira auditoria por dois irmãos, acompanhados de um contador e um advogado, e nada existia, e não existe, que desabonasse a nossa conduta e de nossa equipe de trabalho (administrativo e contabilidade geral, quando foram contados até centavos), tendo inclusive uma ata assinada dessa inspeção completa confirmando a realização da fiscalização nos documentos contábeis. Desde janeiro de 2011 as prestações de contas encontram-se nos autos do processo de inventário, que segue o seu curso normal.

Incomoda pensarem que eu faria qualquer coisa que não fosse o correto, o real, o justo. Tenho a minha consciência tranqüila que tudo o que fiz e faço foi sempre em defesa do patrimônio que era do nosso saudoso pai e agora é de todos os herdeiros. Não sou e nunca fui mau caráter, não engano as pessoas, não deixo de pagar meus compromissos, não sou desleal, não dilapidei e não dilapido o patrimônio de ninguém, muito pelo contrário, durante os anos que estive ajudando nosso pai na condução dos negócios, só ajudei a crescer o patrimônio para todos. Só para uma idéia, nesses anos com a ajuda de minha irmã Verinha construímos mais de trinta imóveis (pontos comerciais e residências), reformamos mais alguns, que hoje somam e rendem aluguéis para os herdeiros, além de que negociamos e adquirimos três importantes imóveis que hoje fazem parte do espólio. Nunca vendemos um único imóvel. Na empresa Rádio e TV Tapajós só não vê os avanços nos anos em que estamos à frente da gestão, quem não quer ver! Os avanços foram visíveis, mesmo aos olhos de quem pouco entende de gestão de empresa de comunicação. A empresa foi mantida esses anos todos com muita responsabilidade e muito trabalho. Não me atingem os adjetivos que tentam nos imputar. O que importa é a nossa consciência, mostrando que fizemos o que deveria ser feito. O que importa é ter visto que nosso pai morreu com dignidade, sabendo que o seu principal sonho estava de pé, com as contas em dia, funcionários pagos regularmente e seu nome era limpo, sem mácula jurídica ou fiscal. Isto para nós é suficiente e gratificante, assim como foi ter tido o privilégio de trabalhar junto ao papai e dele receber muitos ensinamentos e lições, que levarei por toda vida. Por isto, não aceitamos as insinuações feita pela Revista Veja, edição da última semana, razão porque sugerimos aos herdeiros apresentar direito de resposta.

É claro que nos incomodam as atitudes de nossos irmãos e sobre o qual lamentamos muito chegar ao ponto que chegou, mas de uma coisa estejam certos, não enganei e nem quero enganar quem quer que seja; apenas me defendo porque tenho dignidade e não aceito os adjetivos que querem me imputar. Estes são alguns motivos porque não aceitamos proposta de sociedade entre todos os irmãos na sucessão de nosso pai. De resto, continuaremos trabalhando com o mesmo zelo, que sempre tivemos, durante o tempo que Deus quiser.

Qualquer que seja a solução deste “imbróglio”, só quero que as pessoas de bem tenham certeza de que nada fiz de errado e de que minha dignidade e honra é o que tenho de mais precioso e valioso para deixar pras minhas filhas e disso não vou abrir mão. Reservo-me o direito de não mais me manifestar através da imprensa, exceto outra vez para me defender, deixando que o processo de inventário siga seu curso normal, natural, com base na justiça e na verdade, e que nós tenhamos competência para buscar solução para os problemas.

Espero que Deus continue me dando lucidez, saúde, coragem e serenidade para continuar trilhando pelo caminho da verdade e da justiça, com o mesmo caráter e dignidade que me mantive até hoje.

a)Vânia Suely Pereira Maia

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Para entender e viver plenamente a Semana Santa

A “Semana Santa” surgiu já nos primórdios do cristianismo quando as comunidades cristãs em Jerusalém se reuniam, na Sexta-feira e no Sábado, mediante rigoroso jejum, recordando o sofrimento e a morte de Jesus, ou seja, rememorando “os dias em que nos foi tirado o esposo” (diebus in quibus ablatus est sponsus: Cf. Mt 9,15; Mc 2,20). Dessa forma, se preparavam para a festa da Páscoa, no Domingo, em que celebravam a memória da ressurreição de Jesus. Posteriormente, a observância do jejum passou a ser praticada também na Quarta-feira para lembrar o dia em que os chefes judeus decidiram prender Jesus, isto é, “porque nesse dia começaram os judeus a tramar a perda do Senhor” (propter initum a Iudaeis consilium de proditione Domini: Cf. Mc 3,6; 14,1-2; Lc 6,11; 19,47; 20,19a; 22,2). Tudo isto ocorria mais fortemente em Jerusalém porque provavelmente ali permaneciam mais vivas as lembranças dos últimos dias de Jesus. Essas solenidades passaram a ser imitadas pelas Igrejas do Oriente e depois pelas Igrejas européias. Esses dias eram também de descanso para todos os servos e escravos. Em algumas Igrejas em Jerusalém eram celebradas todas as noites vigílias solenes com orações e leituras bíblicas, e com a celebração da Eucaristia. Em meados do Século III, já se observava o jejum em todos os dias da Semana Santa. Resumidamente, a Semana Santa assim se desdobra:
1) Quinta-feira Santa - Por volta do Século V, chamava-se “Feria quinta in Coena Domini” (Quinta-feira da Ceia do Senhor). Em alguns lugares chamava-se “Dia da Traição”. Costumava-se chamar também de Quinta-feira de “Endoenças” (corruptela popular do latim: indulgêntia: in­dulgências, daí: endoenças), o dia do perdão, do indulto, da expiação dos pecados, da clemência. No século VI, iniciou-se o costume de fazer neste dia a "bênção dos óleos", a serem usados nos Sacramentos do Batismo, da Crisma e da Unção dos Enfermos. Nessa Missa dos Santos Óleos, celebra-se a instituição do Sacramento da Ordem. A Quinta-feira Santa é marcada pela instituição da Eucaristia, a “Ceia do Senhor”, simbolizada pelo amor serviçal (o lava-pés). Desde o século VI, a cerimônia do “lava-pés” procura reproduzir ritualmente o gesto de Jesus que lavou os pés de seus discípulos, como prova de amor e disposição para servir. O lava-pés era chamado também de Mandatum, para recordar o "mandamento novo" de Jesus. Em Roma, o papa lavava os pés de treze pobres, aos quais tinha servido uma ceia. Para o papa Gregório I, conhecido como Gregório Magno (590-604), este 13º pobre seria o próprio Cristo disfarçado de mendigo. Atualmente, logo após a Eucaristia, o altar é deixado sem nenhuma toalha. Com este gesto simbólico, recordamos a denudação de Cristo antes de sua crucifixão. Além disso, o Santíssimo é transladado para um lugar preparado à parte, a fim de levar os fiéis a fazerem algum momento de adoração, de vigília, meditando a hora difícil de Jesus no Jardim das Oliveiras e de oração por todos os que atualmente sofrem, pois neles, Jesus continua sofrendo.
2) Sexta-feira Santa - Inicialmente, este dia chamava-se “Paraskeve” (do grego: paraskeué: preparação; por extensão: “véspera do sábado”, sexta-feira). Segundo o evangelista João, é nesse dia que Jesus foi crucificado: “Os judeus temeram que os corpos ficassem na cruz durante o sábado, porque já era a Preparação e esse sábado era particularmente solene. Rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas e fossem retirados” (Jo 19,31). Tertuliano (155-222), um dos mais importantes escritores eclesiásticos da antiguidade, deu-lhe o nome de “Dies Paschae” (Dia da Páscoa). Santo Ambrósio (340-397) chamava a Sexta-feira de “Dies amaritudinis” (Dia do amargor, da tristeza), por ser o grande dia de luto para a Igreja. Ainda hoje, também é chamada de Sexta-feira Maior. A liturgia deste dia é composta de três partes:
a) Liturgia da Palavra - A liturgia começa diretamente com leituras dos profetas, cantos e a leitura dialogada da Paixão. Em seguida, a Oração Universal, apresentando as necessidades da Igreja e do mundo. A tradição dessas orações, abandonada no século VI, foi retomada pela nova liturgia depois do Concílio Vaticano II, que acabou introduzindo em todas as Missas as assim chamadas “Oração dos fiéis” ou “Oração da assembléia”.
b) Adoração da Cruz - Quanto a isso, é preciso antes esclarecer: a palavra “adoração”“veneração solene”. Adoração, no sentido próprio, pode ser prestada só a Deus. A cerimônia da Adoração da Cruz, teve origem em Jerusalém, no século IV, depois que Constantino encontrou as relíquias da Cruz do Salvador. Aos poucos a cerimônia foi sendo adotada também por outras cidades onde havia relíquias da Cruz. Mais tarde, foi assumida por toda a Igreja. Prestando uma veneração especial à Cruz ou ao Crucifixo, manifestamos nossa fé no Cristo Redentor, que nos salvou por sua morte. Adorando a cruz, é ao Cristo que de fato devemos adorar, reconhecendo nele o Filho de Deus encarnado e oferecido em sacrifício por amor a nós. Portanto, o sentido desta “adoração” é contemplar Jesus que, morto na cruz, ascendeu dela.
significa apenas
c) Rito da Comunhão - Desde os primórdios, não foi costume celebrar a Missa na Sexta-feira Santa. A razão é que assim a Igreja manifesta seu luto pela morte do Salvador. Até o século VIII não havia nem mesmo a comunhão, que só aos poucos foi introduzida na liturgia do dia. Em l622, foi proibida a comunhão dos fiéis. Isso continuou até recentemente, quando foi reintroduzida, após o Concílio Vaticano II. É bom lembrar que neste dia não se consagram as hóstias, pois já foram consagradas na Quinta-feira Santa.
3) Sábado Santo - Vigília Pascal - Para a Vigília Pascal convergem todas as celebrações da Semana Santa bem como de todo o Ano Litúrgico. Na Vigília Pascal recordamos a grande noite de vigília do povo hebreu no Egito, aguardando a hora da libertação da escravidão do Egito, ou seja, relembramos a Páscoa (do hebraico: pessach: passagem) judaica (Cf. Ex 12). E nela celebramos a nossa própria redenção pelo mistério da Ressurreição de Cristo. Na Ressurreição de Jesus realiza-se a grande Páscoa cristã, isto é, a Passagem da morte para a vida; do estado de perdição para o estado de salvação. É a vitória final de Deus, em Cristo, sobre o pecado, o mal e a própria morte. Cumpriu-se, assim, o que João Batista dissera acerca de Cristo: “No dia seguinte, João viu a Jesus que se aproximava dele. E disse: ‘Eis o Cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo’” (Jo 1,29). Jesus é agora o novo Cordeiro Pascal, segundo o autor do Sermão aos Hebreus: “ele se manifestou uma vez por todas no fim dos tempos, para abolir o pecado pelo sacrifício de si mesmo” (Hb 9,26). No âmbito espiritual, nos apropriamos da graça desta "passagem" pelo Batismo. Por isso, a “liturgia batismal” tem aqui um lugar destacante.

A Vigília Pascal, que para Santo Agostinho (354-430) é “a mãe de todas as Vigílias”, é uma soleníssima celebração, muito rica de símbolos universais e de símbolos particulares: as trevas, o fogo, a luz, a água, o círio pascal, a cor alegre dos paramentos, as músicas. A celebração articula quatro partes e conclui com a Procissão da Ressurreição.
a) Celebração da Luz - Essa cerimônia começou a ser realizada de modo mais abrangente só a partir do século IX. Inicia-se com a “bênção do fogo”, feita no pátio, à entrada da igreja. Antigamente, acendia-se o fogo, usando pedras friccionadas, já que na Quinta-feira, tinham sido apagadas todas as luzes da igreja. Isso constava no próprio ritual antigo da bênção do fogo “O Cristo é a pedra usada por Deus para acender em nós o fogo da claridade divina”. Para os antigos, esse simbolismo do Cristo que ilumina, aquece e é centro de vida, era mais significativo. Porque, na Sexta-feira Santa, costumava-se apagar o fogão e todas as luzes das casas. Era no “fogo novo” que cada família acendia uma lâmpada para levar para casa e acender tudo novamente.

Com Cristo Ressuscitado, definitivamente a “Luz brilha nas trevas” (Jo 1,5). Recordamos aqui as palavras do próprio Jesus: “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8,12). Jesus Ressuscitado garante que “a vida é a luz dos seres humanos” (Jo 1,4b). Assim, o Círio pascal, que simboliza o Ressuscitado, é bento, aceso no “fogo novo” e conduzido em procissão para dentro da Igreja ainda às escuras, cantando por três vezes: Eis a luz de Cristo! Em seguida, é colocado fixo diante da assembléia. Os participantes são convidados a acenderem as suas velas, imitando aqueles servos de que fala o Evangelho (Lc 12,35-40), os quais esperam, vigilantes, “com as lâmpadas acesas”, o seu Senhor que os fará sentar à sua mesa. Esta parte se encerra cantando a "Proclamação da Páscoa"Precônio Pascal), o Exulte (do latim Exultet), anunciando solenemente a vitória de Cristo. Não se sabe com certeza quando começou essa tradição litúrgica. Mas por volta do ano 384, já são encontradas referências a ela.
b) Liturgia da Palavra - Neste momento, são narrados os gestos maravilhosos que Deus realizou em favor do povo ao longo da história da humanidade, desde a Criação do mundo até o grande ato da “Nova Criação” conferida pela ressurreição de Cristo, início e primícias de um mundo novo. É uma verdadeira “passeada” pela Escritura e pelo Novo Testamento. Para nós, tudo isso é motivo de júbilo e de ação de graças. Ao cântico solene do Glória, pouco antes da proclamação do Evangelho, a Igreja escurecida torna-se, de repente, uma explosão de luz. Toda a assembléia canta alegre e vibrante, ao som dos instrumentos musicais e até do sino. Note-se que as várias leituras bíblicas são intercaladas por orações e aclamações, a última das quais é o canto do Aleluia pascal (do hebraico: hallelu-yah: louvem a Javé, adorem a Javé).
c) Liturgia Batismal - Se há batismo, entoa-se a “Ladainha” (do grego: litanéia: oração pública; e do latim: litania: oração breve e insistente, pedir insistentemente) dos Santos. O Cristianismo herdou da liturgia das sinagogas esta forma de rezar, repetindo a mesma frase várias vezes como se vê na Escritura (Cf. 1Rs 18,39; Sl 136/135; 148; 150; Dn 3,52-90). A “Ladainha dos Santos” surgiu da “Oração dos fieis” (Séc. III), que constava duma lista de nomes de Santos, cuja memória era invocada por quem presidia a Missa. No início eram reverenciados os nomes de mártires, sobretudo os que testemunharam a fé em Roma. Com o tempo, a lista dos santos foi ampliada, tomando caráter de universalidade. A seguir, realiza-se a “bênção da água batismal”. O presidente da celebração mergulha o Círio pascal na água benta, para indicar que fomos sepultados na morte com Cristo e com ele ressuscitamos para a vida. Seguindo a bênção da água, passa-se para a “renovação das promessas do batismo”. Nos primeiros séculos da Igreja, era no Sábado Santo que se fazia o Batismo dos que, durante um bom tempo, tinham sido preparados para a admissão na comunidade. Os que já tinham abraçado a fé cristã, mas ainda estavam recebendo a catequese (do grego katechéou: derramar, verter para dentro de), chamavam-se catecúmenos (do grego kataskeuazómenoi: os iniciandos). Nessa noite de Vigília, eles recebiam as últimas instruções e ouviam com a comunidade leituras da Escritura, apropriadas para a circunstância. Para o Batismo, a água era abundantemente derramada sobre a cabeça dos novatos (do grego neófitos: novas plantas; daí: iniciantes, novos, imaturos). Assim, se há batizandos, realiza-se o Sacramento do Batismo. E mesmo havendo batismo, é muito significativa a aspersão da água benta sobre toda a assembléia.

d) Liturgia Eucarística. Trata-se de uma celebração festiva, pois já se comemora a vitória sobre a morte: Jesus Ressuscitou! O Santíssimo que havia sido transladado pra um lugar preparado à parte, na Quinta-feira Santa, agora é trazido de volta para Tabernáculo na Igreja. Alimentando-nos do pão eucarístico que é Jesus, realimentamos as nossas forças e o nosso compromisso com a vida. Em muitos lugares, logo após a Celebração, o Santíssimo Sacramento é preparado para uma pequena procissão. De volta ao altar-mor, o presidente da Celebração abençoa todos os fiéis enquanto se canta o “Rainha dos Céus, alegrai-vos” (Regina Coeli, laetare), como se fosse um “parabéns” àquela que de “Senhora das Dores” transformou-se em “Senhora da Alegria”.

Ainda no que se refere ao “Tríduo Pascal”, é bom lembrar que não são três celebrações isoladas, ou três Missas, como a maioria das pessoas pensam e dizem. Notemos que a Celebração da Quinta-feira Santa começa com os “Ritos iniciais” e não conclui com os “Ritos finais”, mas apenas com a “Oração depois da comunhão” e com a “Transladação do Santíssimo”. A Celebração da Sexta-feira Santa, por sua vez, não é começada com os “Ritos iniciais” e nem terminada com os “Ritos finais”, mas apenas com a “Oração sobre o povo”, pois a Missa que começou na Quinta-feira, ainda continua. E no Sábado Santo, a Celebração também não começa com os “Ritos iniciais”, pois ainda é parte da Missa que deu início na Quinta-feira Santa. Aí, sim, concluída a Celebração da Vigília Pascal, o presidente da Missa encerra o “Tríduo Pascal” com os “Ritos finais”. Podemos assim dizer que o “Tríduo Pascal” é uma grande Missa, uma “Missona”. O que a Igreja realiza de modo mais espichado no “Tríduo Pascal”, é realizado de modo mais breve nos Domingos comuns. Portanto, não é interessante “quebrar” a seqüência desta única Celebração pascal.

II. Páscoa da Ressurreição - A Missa de Páscoa é a maior solenidade do ano. Até o século XI, era só nesse dia que os simples padres podiam cantar solenemente o “Glória a Deus nas alturas” (no latim Gloria in excelsis Deo). Nesse momento do canto do Glória, como ainda hoje, novamente os sinos e o órgão irrompiam numa grande explosão de alegria. Cristo venceu a morte, e também para nós existe a tranqüila garantia de vida e esperança.

Por isso, é muito importante que no Domingo pascal, a assembléia se reúna em torno de Cristo ressuscitado e presente no meio da comunidade. A tristeza, o desânimo e o medo, devem dar lugar à alegria e à esperança. Jesus venceu a morte para estar definitivamente junto e dentro de nós. Caso contrário, quem participa apenas da “Quinta-feira Santa”, ou só da “Sexta-feira Santa”, corre o risco de assimilar uma fé fracassada pela morte e de viver uma vida marcada pela resignação, pela alienação e inércia. É como se vivesse uma terrível e interminável Sexta-feira Santa, tanto na Igreja como na Sociedade.