terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Entrevista de Rodrigo Silva

Pode explicar melhor a história dessa carta?
Nós tínhamos brigado feio e resolvi passar uns dias na casa da minha mãe por conta da minha filha, que mora no interior. Quando cheguei em casa para ter notícias dela, porque já havia ouvido sobre o acidente, encontrei a carta em cima da mesa da sala. Ela estava embaixo de um peso — ainda a rasguei quando puxei. Fizemos um ano [de relacionamento] na semana da morte dela. Estou muito triste e arrasado. É como se ela soubesse o que aconteceria…. ela disse “na tristeza e nos pesares”…
Você também devia estar no avião? Como assim?
Sim. Essa viagem estava marcada desde novembro. Iria ela, eu e alguns amigos do Carlos Alberto [Filgueiras]. Só não fomos antes por causa da agenda apertada dele. A Maíra era uma pessoa muito cativante que conquistava as pessoas. Ela fez uma grande amizade com o Carlos Alberto porque tinha sido a única a tirar as dores que ele tinha. Segundo ele próprio contou, tinha uma fisioterapeuta que tentava há dois dois anos tirar as dores, algo que a Maíra conseguiu em dois meses. Ela sempre o atendia, e ele o convidou para ir a Paraty. Ela, então, disse que não poderia ir sozinha, pois namorava. O Carlos Alberto autorizou me levar, mas queria me conhecer antes. Em novembro, eu o conheci em um jantar em seu apartamento. Era uma pessoa muita humilde e gentil e tinha um grande apreço por ela. Soube também que ele tratava muito bem os funcionários, oferecendo, inclusive, um almoço por ano em seu apartamento. Por mais que ela tivesse uma imensa amizade com o Carlos, jamais viajaria sozinha com ele. Ou iria comigo ou com a mãe. Eu só não fui porque brigamos feio uns dias antes. Agora penso que essa briga pode ter salvado minha vida. Será que, se eu tivesse morrido também, a história seria diferente, não teria tanta especulação?”
Brigaram por quê?
Por coisas bobas. Sou ciumento. Ela também. Ela era ainda muito nova [24 anos], eu nem tanto. Eram brigas frequentes, mas sempre voltávamos atrás e ficávamos bem. O nosso amor era muito intenso.
Sabe como ela conheceu o Carlos Alberto Filgueiras?
Eles se conheceram há uns 6, 7 meses por indicação de um amigo dele que era cliente dela. Eu tinha montado uma sala de massoterapia para ela em casa. Uma ressalva: é preciso tirar esse estigma de que massagem tem a ver com putaria… Isso não é verdade. São profissionais super sérios. Pessoas que praticam massoterapia são habilitadas em vários tipos de massagem — shiatsu, modeladora, quik, sueca, quiropraxia e outras mais. Ela havia feito um curso de masso com um massagista famoso do Spa Blue Garden. Ela também tinha entrado na faculdade de fisioterapia por ter ligação com a massoterapia. Para complementar a renda, nós também vendíamos sucos detox que produzíamos. O Carlos também era cliente dela nisso.
Ela também dava aulas de dança, não?
Sim, dança era a paixão da vida dela. Dançava desde os 16 anos. E tinha montado a primeira escola de dança da cidade dela [Juína, no interior do Mato Grosso]. Depois, veio para São Paulo para conseguir melhores oportunidades na dança. Só que ela teve uma lesão no pé, o que atrapalhou a carreira dela como dançarina. Um médico indicou a massagem. Ela melhorou e acabou se interessando e se especializando nisso depois.
Vocês tinham planos para o futuro?
Tínhamos planos de montar uma clínica. Ela já tinha muitos clientes, desde pessoas com problemas de lesões até outros com doenças graves. Ela era muito boa no que fazia. Ela queria que eu fizesse o curso [de massagem] também e pensávamos em montar uma clínica assim que ela terminasse o segundo semestre da faculdade.

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