Um grupo de 15 entidades do movimento negro divulgou nota na qual faz
críticas à ministra dos Direitos Humanos, Luislinda Valois, e diz que
ela não representa o povo negro. O texto ataca o pedido da ministra para
receber R$ 62 mil mensais de salário, alegando que os vencimentos
atuais de R$ 31 mil a aproximam da condição de “trabalho escravo”.
Luislinda alegou que, com esse salário, é difícil “se vestir, se
alimentar, calçar e ir ao salão de beleza”.
Veja abaixo a íntegra da nota de entidades do movimento negro:
“Nota de Repúdio às declarações da ministra Luislinda Valois
As entidades do movimento negro brasileiro repudiam as declarações da
ministra Luislinda Valois, que assim como fez o ministro do STF Gilmar
Mendes, ao fazer referência à tragédia da escravidão que submeteu
milhares de negros a uma condição perversa e desumana – um crime contra a
humanidade, declarado pela ONU – apropriou-se de forma oportuna desse
fato histórico trágico para obter benefícios próprios relativos ao seu
salário.
Não obstante não nos furtamos em observar que esse ano o Juiz Sérgio
Moro percebeu o salário superior ao teto constitucional durante vários
meses e a justificativa para tal descalabro são as generosas cestas de
auxílios e adicionais eventuais comumente utilizados no expediente do
sistema de justiça para burlar o teto constitucional e assim beneficiar
milhares de juízes Brasil afora. O que também representa uma violência
para a sociedade brasileira como um todo.
Voltando a Ministra Luislinda, entendemos que reivindicar privilégios
e participar de um governo que quer acabar com os direitos
trabalhistas, com o combate ao trabalho escravo e as políticas de
inclusão racial, além de silenciar frente ao racismo religioso e as
demais violências sofridas pelos povos de terreiros e comunidades
quilombolas em todo o país é um contra-senso.
A ministra é voz de um governo de privilégios e privilegiados que
quer acabar com os direitos trabalhistas, com o combate ao trabalho
escravo e as políticas de inclusão racial. Além de silenciar-se frente
ao racismo religioso e às violências sofridas pelos povos de terreiros e
comunidades quilombolas em todo o país.
Além de afrontar a dignidade da população negra, a posição da
ministra é um atestado cabal da falta de compromisso com o combate ao
racismo e com verdadeira cidadania de negros e negras. Não resta dúvida
que estamos vivendo um momento em que a violência contra as mulheres,
negros, grupos LGBT, quilombolas e índios está se naturalizando e a
posição equivocada da ministra é um retrato desses ataques.
A nomeação dessa senhora é reveladora do desapreço que o governo
Temer tem pela comunidade negra e o gravíssimo problema do racismo no
Brasil.
Também é sintomático o fato de o Presidente Temer olhar para o Brasil
e não conseguir enxergar os milhares de homens e mulheres negras com
altíssimo nível de comprometimento político com os anseios e demandas da
população negra para ocupar qualquer cargo na Esplanada dos
Ministérios, ou estaria ele ciente de que a maioria de nós jamais
compactuaria com um governo ilegítimo que se instituiu através de
opressões, desmandos e violências?
A ministra não representa o povo negro, não representa as mulheres negras e nem aqueles que lutam pelo fim do racismo.
Estamos por nossa própria conta! O povo negro não vai se calar frente ao racismo!
#ForaTemer
Estamos por nossa própria conta! O povo negro não vai se calar frente ao racismo!
#ForaTemer
Assina:
Convergência Negra – Articulação Nacional do Movimento Negro Brasileiro.
Convergência Negra – Articulação Nacional do Movimento Negro Brasileiro.
Subscrevem:
Associação Brasileira de Pesquisadores Negros – ABPN
Agentes de Pastoral Negros – APNs
Círculo Palmarino
Coletivo de Entidades Negras – CEN
Coordenação Nacional de Entidades Negras – CONEN
Quilombação
Rádio Exu – Comunicação Comunitária de Matriz Africana
Movimento Negro Unificado – MNU
Rede Amazônica de Tradições de Matriz Africana – REATA
UNEGRO – União de Negras e Negros Pela Igualdade
Enegrecer – Coletivo Nacional de Juventude Negra
Movimento Consciência Negra de Butia – RS
Setorial de Combate ao Racismo da CUT
Soweto”
Agentes de Pastoral Negros – APNs
Círculo Palmarino
Coletivo de Entidades Negras – CEN
Coordenação Nacional de Entidades Negras – CONEN
Quilombação
Rádio Exu – Comunicação Comunitária de Matriz Africana
Movimento Negro Unificado – MNU
Rede Amazônica de Tradições de Matriz Africana – REATA
UNEGRO – União de Negras e Negros Pela Igualdade
Enegrecer – Coletivo Nacional de Juventude Negra
Movimento Consciência Negra de Butia – RS
Setorial de Combate ao Racismo da CUT
Soweto”
Nenhum comentário:
Postar um comentário