Por Juca Kfouri
Nelson Rodrigues aplaudiu do túmulo a atitude firme do colorido clássico carioca diante da arbitrariedade da Justiça fluminense que quis dar um tiro no coração do futebol ao impor torcida única também no Rio de Janeiro.
A dupla que faz o jogo mais charmoso do país bateu o pé e conseguiu mudar a decisão para poder jogar no estádio Nilton Santos, a Enciclopédia do Futebol, com torcedores dos dois clubes, depois do risco trágico de disputá-lo com portões fechados —a paz dos cemitérios que, por incompetência, as autoridades nacionais buscam impor a qualquer custo.
Os quatro grandes paulistas têm motivos de sobra para corar de vergonha, acovardados que estão dada a medida que vigora em São Paulo desde o ano passado.
Injustamente, um dia, em 1960, o imortal poeta Vinicius de Moraes, revoltado com o barulho dos frequentadores da boate Cave num show de Johnny Alf, assim rotulou a Pauliceia, sem nem sequer imaginar que a cidade se transformaria no túmulo do futebol, exatamente pela falta do barulho, e das bandeiras, de duas torcidas rivais num mesmo jogo.
Se faltassem mais argumentos contra a torcida única, o bestial assassinato de um dos fundadores da Mancha Verde revelou que o problema não está na torcida mista, mas na impunidade da minoria violenta que existe em cada uma das diversas facções, com as mesmas camisas, que agem livremente nas torcidas uniformizadas.
Em vez de atentar contra o secular patrimônio cultural dos clubes de futebol, secretários da Segurança, ministros da Justiça e dos tribunais, incapazes de cuidar até dos presídios brasileiros, deveriam ter capacidade para enfrentar as organizações criminosas que buscam tomar conta também das torcidas, razão da morte, ao que tudo indica, do torcedor alviverde.
Depois dos 90 minutos do jogo que nasceu 40 minutos antes do nada, como escreveu Nelson Rodrigues, fica o exemplo do Fla-Flu com um 3 a 3 espetacular e a decisão por pênaltis sorrindo para o lado tricolor quando o ideal seria a divisão da taça. Mas foi justo.
Jogar nem sempre é preciso, mas resistir ao obscurantismo é obrigatório.
Nelson Rodrigues aplaudiu do túmulo a atitude firme do colorido clássico carioca diante da arbitrariedade da Justiça fluminense que quis dar um tiro no coração do futebol ao impor torcida única também no Rio de Janeiro.
A dupla que faz o jogo mais charmoso do país bateu o pé e conseguiu mudar a decisão para poder jogar no estádio Nilton Santos, a Enciclopédia do Futebol, com torcedores dos dois clubes, depois do risco trágico de disputá-lo com portões fechados —a paz dos cemitérios que, por incompetência, as autoridades nacionais buscam impor a qualquer custo.
Os quatro grandes paulistas têm motivos de sobra para corar de vergonha, acovardados que estão dada a medida que vigora em São Paulo desde o ano passado.
Injustamente, um dia, em 1960, o imortal poeta Vinicius de Moraes, revoltado com o barulho dos frequentadores da boate Cave num show de Johnny Alf, assim rotulou a Pauliceia, sem nem sequer imaginar que a cidade se transformaria no túmulo do futebol, exatamente pela falta do barulho, e das bandeiras, de duas torcidas rivais num mesmo jogo.
Se faltassem mais argumentos contra a torcida única, o bestial assassinato de um dos fundadores da Mancha Verde revelou que o problema não está na torcida mista, mas na impunidade da minoria violenta que existe em cada uma das diversas facções, com as mesmas camisas, que agem livremente nas torcidas uniformizadas.
Em vez de atentar contra o secular patrimônio cultural dos clubes de futebol, secretários da Segurança, ministros da Justiça e dos tribunais, incapazes de cuidar até dos presídios brasileiros, deveriam ter capacidade para enfrentar as organizações criminosas que buscam tomar conta também das torcidas, razão da morte, ao que tudo indica, do torcedor alviverde.
Depois dos 90 minutos do jogo que nasceu 40 minutos antes do nada, como escreveu Nelson Rodrigues, fica o exemplo do Fla-Flu com um 3 a 3 espetacular e a decisão por pênaltis sorrindo para o lado tricolor quando o ideal seria a divisão da taça. Mas foi justo.
Jogar nem sempre é preciso, mas resistir ao obscurantismo é obrigatório.
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