sábado, 25 de março de 2017

Lula chama procurador de 'moleque' e cobra solidariedade de petistas

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou de "moleque" o procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, e voltou a criticar o juiz Sergio Moro, nesta sexta-feira (24), durante seminário realizado pelo PT.

Após quase cinco horas do seminário "O que a Lava Jato tem feito para o Brasil", Lula assumiu o microfone afirmando, entre lágrimas, que gostaria de prestar contas aos participantes do encontro, entre eles economistas, sindicalistas e jornalistas.

O ex-presidente repetiu que irá "brigar até o fim" e mais uma vez desafiou os agentes da Lava Jato a provarem que tenha cometido irregularidades.

Ele afirmou que "nem Moro, nem Dallagnol, nem ninguém da PF" têm uma história de lisura como a sua. "Nem Moro, nem Dallagnal, nem delegado da Polícia Federal têm a lisura e a honestidade que tenho em 70 anos de vida", declarou.

Lula disse que o PT foi criado para mudar o país e é uma instituição forte. E atacou: "Aquele Dallagnol sugerir que o PT foi criado para ser uma organização criminosa... O que aquele moleque conhece de política? Ele nem sabe como se monta um governo. Não tem a menor noção. Ele acha que sentar em cima da Bíblia dá a solução de tudo. Não dá".

Réu em cinco ações penais –três delas relativas à Lava Jato–, o ex-presidente defendeu a aprovação do projeto de lei que tipifica o crime de abuso de autoridade. "Ninguém pode deixar de aprovar a lei de abuso de autoridade. Ninguém está acima da lei", disse.

Em seguida, o presidente do PT, Rui Falcão, endossou a avaliação de Lula em entrevista. "O que Lula falou achamos também: ninguém pode se colocar acima da Lei", declarou.

COMPANHEIROS
Lula afirmou ainda que, "na falta de prova", os petistas têm que ser solidários quando se diz que um "amigo é corrupto".

"Quando alguém disser que um amigo nosso é corrupto, na falta de prova, a gente tem que ficar do lado do amigo da gente", afirmou Lula.

Horas antes, na abertura do seminário, Falcão fez uma declaração pública em defesa do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e dos ex-ministros José Dirceu e Antonio Palocci.

Segundo petistas, o gesto foi uma resposta às queixas dos petistas que estão presos. Por intermédio de amigos e parentes, Dirceu e Vaccari têm reclamado de abandono dos colegas de partido.

LULA CANDIDATO
Temendo sanção legal, o PT desistiu de anunciar a candidatura de Lula à Presidência da República em 2018.

O ex-presidente disse que existe uma tentativa de deter sua candidatura sob acusação de antecipação de campanha.

A causa, segundo Lula, seria a divulgação de um vídeo em que ele aparece fazendo ginástica. No som, a música "Tô voltando", de Chico Buarque.

Após o seminário, o presidente do PT, Rui Falcão, admitiu que o partido reconsiderou a intenção de antecipar o anúncio da candidatura de Lula. "Achei que é desnecessário fazer qualquer tipo de lançamento por dois motivos: em primeiro, porque nós queremos contar também com outras forças políticas e sociais além do Partido dos Trabalhadores. Em segundo, porque dentro da perseguição sistemática de que ele é vítima, nós não queremos dar pretexto a nenhum tipo de acusação forjada de que ele está se antecipando à campanha eleitoral", afirmou Falcão.

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