O governo federal anunciou nesta quinta-feira (15) um pacote de medidas microeconômicas para reduzir custos das empresas, aliviar dívidas de pessoas físicas e jurídicas e reduzir a burocracia do comércio exterior.
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que o pacote é um complemento macroeconômico do teto para o aumento de gastos públicos e a reforma da Previdência.
Um dos efeitos esperados pelo governo, caso as medidas sejam aprovadas,
é a redução dos custos do crédito ao consumidor (veja abaixo).
O governo ainda estuda para o próximo ano a liberação do saque de parte
do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para quitar dívidas com
bancos. Por enquanto, as medidas que envolvem o Fundo pretendem ampliar
a remuneração ao trabalhador e reduzir a multa de 10% em demissões paga
pelo empregador.
Veja abaixo as principais medidas anunciadas nesta quinta-feira (15):
Regularização de dívidas com o governo
Empresas e pessoas físicas poderão regularizar suas dívidas tributárias
e previdenciárias com o governo. A medida vale para obrigações não
pagas até novembro de 2016. Empresas que tiveram prejuízo fiscal podem
usar os créditos desses prejuízos para compensar dívidas fiscais. O
prazo de pagamento será alongado para até 96 parcelas.
Aperfeiçoamento do cadastro positivo
A inclusão de pessoas na lista de bons pagadores (consumidores que não
têm atraso no pagamento de dívidas) passará a ser automática e não
facultativa como é hoje, a menos que o consumidor peça para ocultar seu
histórico bancário.
Cobranças diferentes com meios de pagamento
O governo propõe permitir a diferenciação de preços com os diferentes
meios de pagamento (cartão de crédito, cheque ou dinheiro). Comerciantes
poderão oferecer desconto para quem pagar à vista em dinheiro, por
exemplo. Hoje, esta prática é proibida por lei.
Prazo de repasse do crédito para lojistas
A proposta é encurtar o prazo para os bancos repassarem recursos aos
lojistas nas compras com cartões de crédito. O governo espera que isso
gere uma redução dos juros cobrados, uma vez que a demora no repasse
geraria um custo adicional embutido no preço dos produtos e serviços. O
governo ainda não anunciou de que forma vai encurtar esse prazo.
Medidas de desburocratização
1 - Simplificar pagamentos:
O governo pretende criar uma espécie de E-Social (programa para o
pagamento de direitos trabalhistas de empregados domésticos). Será
criado um único sistema para quitar obrigações previdenciárias,
tributárias e trabalhistas das empresas, unindo Receita Federal, INSS,
Caixa Econômica e Ministério do Trabalho.
2 - Comércio exterior:
A proposta é criar um portal único pela internet para reduzir os custos
do comércio exterior. O governo espera uma redução mínima de 40% do
tempo para procedimentos com importação e exportação com a medida. A
proposta também cria o Operador Econômico Autorizado para facilitar
procedimentos para entrada e saída dos bens e serviços do país.
Crédito imobiliário
O governo anunciará medidas para aumentar a oferta de crédito de longo
prazo para a construção civil. Será regulamentada a Letra Imobiliária
Garantida (LIG), para captação de crédito imobiliário.
Crédito do BNDES
Haverá uma redução do custos das linhas de crédito para micro e
pequenas empresas. Elas poderão refinanciar suas dívidas com o banco de
forma indireta, em operações de até R$ 20 milhões, ao custo da TJLP
(taxa de juros de longo prazo), mais baixo que o praticado no mercado. O
limite de faturamento das MPEs sobe de R$ 90 milhões para R$ 300 milhões. A ampliação de crédito será de R$ 5,4 bilhões para as MPEs.
Mudanças no FGTS
O governo pretende desonerar os custos trabalhistas pela redução
gradual da multa adicional de 10% do FGTS em demissões sem justa causa. A
ideia é reduzir pelo menos um ponto percentual ao ano até eliminar a
multa em 10 anos. Também propõe melhorar a remuneração do FGTS ao
trabalhador, que hoje paga 3% mais TR (taxa referencial) ao ano. O
rendimento terá um acréscimo próximo à poupança, hoje em cerca de 5%
mais TR ao ano. A medida também distribui metade do lucro gerado pelo
FGTS para os trabalhadores.
Programa de microcrédito produtivo
O governo prevê a ampliação do programa de microcrédito produtivo de R$
120 mil para R$ 200 mil por ano. Programa tem custo baixo e repassam
para operações de valor reduzido e ações de investimento de produção
para pequenos negócios, em geral autônomos. Regras operacionais serão
mudadas para facilitar a concessão do crédito e ampliar o limite total
de endividamento.
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