Outros ministros – Executivos da Odebrecht afirmaram
aos investigadores da Lava Jato que a campanha do hoje ministro das
Relações Exteriores, José Serra (PSDB-SP), à Presidência da República,
em 2010, recebeu R$ 23 milhões da empreiteira via caixa dois. Corrigido
pela inflação do período, o valor atualmente equivale a R$ 34,5 milhões.
O tucano também foi alvo de investigação no caso do cartel de trens em
São Paulo.
Serra é investigado, ainda, por prática de improbidade administrativa
durante a gestão como prefeito em São Paulo. A investigação envolve
irregularidades como aumento salarial de professores em desacordo com
lei orgânica municipal.
O ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto
Kassab, é investigado no mesmo processo de improbidade administrativa
de Serra. Kassab também é investigado por suspeita de envolvimento no
esquema de fraude na licitação da empresa Controlar.
O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, é investigado pelo
Ministério Público no inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal para
apurar indícios da prática do crime de lavagem de dinheiro. O inquérito
do STF foi aberto em 31 de março de 2014 e tramita em segredo de
Justiça.
Sarney Filho, ministro do Meio Ambiente, é investigado pelo
Ministério Público por usar passagens áreas para voar ao exterior com a
mulher e o filho. Além disso, Sarney Filho foi atingido pela Lei da
Ficha Limpa, mas conseguiu driblar a Justiça e se candidatar à Câmara
dos Deputados. Também foi condenado, pelo Tribunal Regional Eleitoral do
Maranhão, a pagamento de multa por prática de conduta vedada.
Helder Barbalho, ministro da Integração Nacional, responde por
improbidade administrativa perante a 5ª Vara Federal do Pará. Uma
investigação iniciada no Departamento Nacional de Auditoria do SUS
constatou a irregularidade na aplicação de recursos do Ministério da
Saúde em Ananindeua entre janeiro de 2004 e junho de 2007. Barbalho foi
prefeito do município a partir de 2005.
De acordo com o processo, foram destinados ao município R$ 94,8
milhões para financiar programas de saúde. Não ficou comprovado o gasto
de R$ 2,7 milhões nas duas gestões. Houve também fraudes e
irregularidades em licitações. O Ministério Público chegou a pedir a
indisponibilidade dos bens dos investigados, mas a Justiça negou em
junho de 2012. O fundamento foi o de que ainda não havia sido apurado o
valor do dano causado por cada um dos suspeitos.
O ministro dos Esportes, Leonardo Picciani, é alvo de representação
do Ministério Público Eleitoral por suposta captação e gastos ilícitos
na campanha de 2014.
Saúde – O ministro da Saúde, Ricardo Barros, quando
prefeito em 1990, foi condenado na 4ª Vara Cível do Tribunal de Justiça
do estado pela juíza Astrid Maranhão de Carvalho Ruthes, por fraude na
venda de coletores e compactadores de lixo que não serviam mais para a
prefeitura e seriam vendidos.
Em 2011, Barros se licenciou do seu mandato de deputado federal para
assumir o cargo de secretário da Indústria e Comércio do Paraná. Após
denúncias de irregularidades na sua gestão, porém, pediu licença do
governo do estado. Na época, gravações feitas pelo Ministério Público
mostraram Barros sugerindo ao então secretário municipal de Saneamento
de Maringá, Leopoldo Fiewski, que arranjasse um encontro para realização
de acordo entre as duas empresas que participavam de um processo de
licitação para publicidade da cidade. O contrato era de R$ 7,5 milhões.
Ricardo Barros, que também é o tesoureiro-geral do PP, é investigado
desde 9 de novembro no Inquérito 4.157 por corrupção, peculato e crime
contra a Lei de Licitações.
Turismo - O recém-nomeado ministro do Turismo, Marx
Beltrão, é réu no STF. Beltrão responde a uma ação penal por crime de
falsidade ideológica. Pela denúncia do Ministério Público, o
peemedebista teria fraudado informações sobre a dívida do município com a
Previdência para impedir o bloqueio da transferência de verbas da
União.
Beltrão assumiu o ministério do Turismo no lugar de Henrique Eduardo
Alves que já havia deixado o cargo, em junho, após ter sido citado na
delação do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, e teria recebido
propina de R$ 1,55 milhão entre 2008 e 201.
Condenado - Maurício Quintella Lessa, ministro dos
Transportes, Portos e Aviação Civil foi condenado, em 2014, por
improbidade administrativa com dano ao erário e enriquecimento ilícito.
De acordo com a sentença, o parlamentar participou de esquema para
fraudar licitação para aquisição de merenda e transporte escolar em
troca de propina no período em que ocupou o cargo de Secretário Estadual
de Educação, na gestão de seu primo Ronaldo Lessa no governo de
Alagoas. Foi responsabilizado também por desvios de recursos federais
para contas do governo do Estado. A Justiça determinou o ressarcimento
integral, por parte de Quintella, da quantia de R$ 4.272.021 aos cofres
públicos, o pagamento de multa e à suspensão dos direitos políticos pelo
prazo de oito anos. Quintella recorreu da sentença. Somados todos os
acusados, os valores a serem ressarcidos chegam a um total de R$ 133,6
milhões.
Planilha – Os ministros Raul Jungmman (Defesa),
Mendonça Filho (Educação), Fernando Coelho Filho (Minas e Energia) e
Bruno Araújo (Cidades) são citados na planilha da Odebrecht, apreendida
pela Polícia Federal na sede da construtora, em março, durante a 23ª
fase da Lava Jato. Em relação à Mendonça Filho, o procurador-geral da
República, Rodrigo Janot, apontou, ainda, suspeitas de pagamento de
propina de R$ 100 mil, em 2014, para a campanha à reeleição para
deputado federal.
Planejamento - O ex-ministro do Planejamento, Romero
Juca, também deixou o ministério do governo Temer após ser flagrado em
gravação com o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, articulando o
fim da Operação Lava Jato. Juca está, ainda, na lista de investigados
que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou ao Supremo
Tribunal Federal no início de 2015.
Jucá foi citado por delatores como beneficiário de um esquema de
desvio na estatal. Em depoimento à Polícia Federal em fevereiro deste
ano, o senador admitiu que pediu a Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia,
doações para a campanha de seu filho, Rodrigo Jucá (PMDB), que foi
candidato a vice-governador de Roraima. Em depoimento de delação
premiada, Pessoa afirmou ter dado R$ 1,5 milhão ao PMDB de Roraima, em
2014. O empreiteiro disse, ainda, que entendeu que o pagamento estava
relacionado à contratação da UTC, pela Eletronuclear, para obras da
usina nuclear de Angra 3. Romero Jucá nega e atribui a doação ao
"trabalho que desempenha como senador".
Todos os citados negam as irregularidades.
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