Ao prestar depoimento na ação em que é acusado de ter praticado caixa dois nas eleições de 2010, o deputado Paulo Maluf (PP-SP) adotou o discurso político. Afirmou que já dormiu embaixo de goteira, que não tem condenação e, perguntado se já havia sido preso, saiu-se com essa: 'Não fui preso, fui solto'.
O deputado foi ouvido no STF (Supremo Tribunal federal) nesta quarta (24), onde tramita o processo em que ele é réu, acusado de fraude na prestação de contas.
Segundo a denúncia do Ministério Público federal, a empresa Eucatex, pertencente à família de Maluf, bancou R$ 168,6 mil de sua campanha. De acordo com os procuradores, esse montante não foi informado à Justiça Eleitoral.
O juiz auxiliar do gabinete do ministro Luiz Fux, relator do caso do Supremo, perguntou se o deputado já havia ido para a cadeia.
"Excelência, muitas vezes me perguntam se fui preso. Eu respondo o seguinte, fui solto, pelo Supremo Tribunal Federal, que considerou minha prisão ilegal, sem base legal. Não fui preso, fui solto pelo STF", afirmou.
Maluf e seu filho, Flávio, foram detidos em 2005, suspeitos de crimes financeiros. Acabaram libertados 30 dias depois, por determinação do Supremo, que acolheu pedido de habeas corpus da defesa.
Ao juiz, o deputado disse guardar uma mágoa do período em que passou no cárcere. Isso porque, segundo Maluf, ele jamais empregou parentes em cargos públicos.
"Tenho aqui na vida pública um pequeno ressentimento, que prenderam meu filho. E eu, Paulo Salim Maluf, não tenho histórico de ter nomeado nenhum parente, irmãos, cunhados, sobrinhos, nunca, Meu filho nunca exerceu nenhum papel público.
Maluf e Flávio foram detidos porque, à época, eram suspeitos de terem cometido os crimes de formação de quadrilha, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
O parlamentar, que foi governador de São Paulo e prefeito da capital, negou ao magistrado que já havia sido condenado. Em março deste ano, no entanto, a Justiça da França o condenou a três anos de prisão por lavagem de dinheiro. Maluf passou a figurar na lista de procurados da Interpol.
COPA DE 70
O deputado lembrou ainda de uma ação popular da qual foi alvo na década de 70, quando resolveu presentear com um fusca cada um dos jogadores da seleção brasileira campeã da Copa do Mundo daquele ano. Ele acabou absolvido décadas mais tarde.
Ao falar sobre o ocorrido, Maluf disse que contribuiu para o título histórico, conquistado pela geração de Pelé, Tostão e Gerson.
"Até quero dizer a vossa excelência que me sinto feliz de ter contribuído para o tricampeonado porque foi a festa mais linda que vi no Vale do Anhangabaú. Dois milhões de pessoas, eu era prefeito da cidade de São Paulo, com 37 anos, aplaudindo Pelé, Rivelino, Tostão, Leão. É uma das coisas que marcam o coração da gente, e eu sou um patriota convicto", considerou.
E acrescentou que se sentiu injustiçado, já que teve de arcar com os custos do processo: "E acho muito injustas as ações populares porque a gente gasta recursos com advogados e quem propõe ações não tem custo nenhum no final", justificou.
Maluf aproveitou para relatar supostas agruras vividas durante a corrida eleitoral.
"Vou para comícios, feiras livres, para supermercados, programas de rádio, de televisão. A gente, normalmente, sai de casa 7h da manhã e, olha lá, quando pode chegar em casa 23h ou 24h[...]. Eu queria dizer que já dormi, excelência, em camas, onde a noite na chuva tinha goteiras. Mas para buscar o voto a gente tem que ir pessoalmente [...].", afirmou.
ACUSAÇÕES
Depois de dissertar sobre casos do passado e fazer brincadeiras, Maluf foi confrontado com as acusações do Ministério Público. Em relação às suspeitas, disse que, como candidato, jamais tomou conhecimento das questões financeiras relativas à campanha.
"O candidato normalmente não fica no diretório ou fazendo contabilidade de campanha [...] Nunca tomei conta de finanças nenhuma de campanha. Não sei quanto recebeu, quanto gastou de gasolina no automóvel, nem quanto gostou comício, era tudo pelo comitê financeiro que estava registrado no TRE", afirmou.
O deputado reconheceu ser um dos fundadores da Eucatex, empresa de sua família que teria bancado despesas de campanha não declaradas, mas disse que não tem qualquer ingerência sobre a companhia há três décadas.
"Excelência, a Constituição impede o deputado, senador, ministros, participem da diretoria ou do conselho. Mas sou um dos fundadores, mas não tenho participação nela, seguramente, há 30 anos", falou.
O magistrado apresentou documentos e perguntou se Maluf reconhecia algumas das assinaturas que constavam nele. "Eu vou lhe confessar o seguinte, isso é mais letra de médico", opinou.
Em seguida, porém, disse que se tratava da rubrica de tesoureiro de campanha, já falecido e que, segundo o deputado, era um homem "sério" e de sua "absoluta confiança".
O juiz insistiu em saber se o parlamentar não tinha qualquer conhecimento a respeito do fluxo do caixa de sua campanha. Perguntou se a empresa da família do parlamentar pode ter pago despesas da campanha.
"Não tenho conhecimento", disse Maluf, sucintamente.
O magistrado continuou: "O senhor contratou empresa de artes gráficas em Sorocaba?".
"Não, e não conheço essa empresa", disse o parlamentar.
O juiz, então, questionou: "Se eles fizeram material para sua campanha, não foi a seu mando?". "Não tenho conhecimento", finalizou Maluf.
O deputado foi ouvido no STF (Supremo Tribunal federal) nesta quarta (24), onde tramita o processo em que ele é réu, acusado de fraude na prestação de contas.
Segundo a denúncia do Ministério Público federal, a empresa Eucatex, pertencente à família de Maluf, bancou R$ 168,6 mil de sua campanha. De acordo com os procuradores, esse montante não foi informado à Justiça Eleitoral.
O juiz auxiliar do gabinete do ministro Luiz Fux, relator do caso do Supremo, perguntou se o deputado já havia ido para a cadeia.
"Excelência, muitas vezes me perguntam se fui preso. Eu respondo o seguinte, fui solto, pelo Supremo Tribunal Federal, que considerou minha prisão ilegal, sem base legal. Não fui preso, fui solto pelo STF", afirmou.
Maluf e seu filho, Flávio, foram detidos em 2005, suspeitos de crimes financeiros. Acabaram libertados 30 dias depois, por determinação do Supremo, que acolheu pedido de habeas corpus da defesa.
Ao juiz, o deputado disse guardar uma mágoa do período em que passou no cárcere. Isso porque, segundo Maluf, ele jamais empregou parentes em cargos públicos.
"Tenho aqui na vida pública um pequeno ressentimento, que prenderam meu filho. E eu, Paulo Salim Maluf, não tenho histórico de ter nomeado nenhum parente, irmãos, cunhados, sobrinhos, nunca, Meu filho nunca exerceu nenhum papel público.
Maluf e Flávio foram detidos porque, à época, eram suspeitos de terem cometido os crimes de formação de quadrilha, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
O parlamentar, que foi governador de São Paulo e prefeito da capital, negou ao magistrado que já havia sido condenado. Em março deste ano, no entanto, a Justiça da França o condenou a três anos de prisão por lavagem de dinheiro. Maluf passou a figurar na lista de procurados da Interpol.
COPA DE 70
O deputado lembrou ainda de uma ação popular da qual foi alvo na década de 70, quando resolveu presentear com um fusca cada um dos jogadores da seleção brasileira campeã da Copa do Mundo daquele ano. Ele acabou absolvido décadas mais tarde.
Ao falar sobre o ocorrido, Maluf disse que contribuiu para o título histórico, conquistado pela geração de Pelé, Tostão e Gerson.
"Até quero dizer a vossa excelência que me sinto feliz de ter contribuído para o tricampeonado porque foi a festa mais linda que vi no Vale do Anhangabaú. Dois milhões de pessoas, eu era prefeito da cidade de São Paulo, com 37 anos, aplaudindo Pelé, Rivelino, Tostão, Leão. É uma das coisas que marcam o coração da gente, e eu sou um patriota convicto", considerou.
E acrescentou que se sentiu injustiçado, já que teve de arcar com os custos do processo: "E acho muito injustas as ações populares porque a gente gasta recursos com advogados e quem propõe ações não tem custo nenhum no final", justificou.
Maluf aproveitou para relatar supostas agruras vividas durante a corrida eleitoral.
"Vou para comícios, feiras livres, para supermercados, programas de rádio, de televisão. A gente, normalmente, sai de casa 7h da manhã e, olha lá, quando pode chegar em casa 23h ou 24h[...]. Eu queria dizer que já dormi, excelência, em camas, onde a noite na chuva tinha goteiras. Mas para buscar o voto a gente tem que ir pessoalmente [...].", afirmou.
ACUSAÇÕES
Depois de dissertar sobre casos do passado e fazer brincadeiras, Maluf foi confrontado com as acusações do Ministério Público. Em relação às suspeitas, disse que, como candidato, jamais tomou conhecimento das questões financeiras relativas à campanha.
"O candidato normalmente não fica no diretório ou fazendo contabilidade de campanha [...] Nunca tomei conta de finanças nenhuma de campanha. Não sei quanto recebeu, quanto gastou de gasolina no automóvel, nem quanto gostou comício, era tudo pelo comitê financeiro que estava registrado no TRE", afirmou.
O deputado reconheceu ser um dos fundadores da Eucatex, empresa de sua família que teria bancado despesas de campanha não declaradas, mas disse que não tem qualquer ingerência sobre a companhia há três décadas.
"Excelência, a Constituição impede o deputado, senador, ministros, participem da diretoria ou do conselho. Mas sou um dos fundadores, mas não tenho participação nela, seguramente, há 30 anos", falou.
O magistrado apresentou documentos e perguntou se Maluf reconhecia algumas das assinaturas que constavam nele. "Eu vou lhe confessar o seguinte, isso é mais letra de médico", opinou.
Em seguida, porém, disse que se tratava da rubrica de tesoureiro de campanha, já falecido e que, segundo o deputado, era um homem "sério" e de sua "absoluta confiança".
O juiz insistiu em saber se o parlamentar não tinha qualquer conhecimento a respeito do fluxo do caixa de sua campanha. Perguntou se a empresa da família do parlamentar pode ter pago despesas da campanha.
"Não tenho conhecimento", disse Maluf, sucintamente.
O magistrado continuou: "O senhor contratou empresa de artes gráficas em Sorocaba?".
"Não, e não conheço essa empresa", disse o parlamentar.
O juiz, então, questionou: "Se eles fizeram material para sua campanha, não foi a seu mando?". "Não tenho conhecimento", finalizou Maluf.
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