domingo, 28 de agosto de 2016

Vocação dos Catequistas

Por Cardeal Orani Tempesta
No quarto domingo de agosto, dentro do mês vocacional, celebramos a vocação dos leigos e leigas e, no último domingo, o Dia do Catequista. Neste ano ambos caem no mesmo domingo, pois temos apenas quatro domingos em agosto.

Neste domingo, a Igreja insiste no protagonismo dos leigos, seja nos âmbitos da fé e da comunidade eclesial, mas preferencialmente na esfera do mundo. O leigo cristão tem a missão de ser o fermento de transformação profunda das realidades temporais, vivendo na comunhão da Igreja.

Na Igreja no Brasil temos um número muito grande de catequistas. São homens e mulheres que, cientes de sua responsabilidade cristã, assumem o serviço de educar e formar crianças, jovens e adultos, preparando-os não só para os sacramentos, de modo particular a Santa Eucaristia, mas para testemunhar com a própria vida a pessoa de Jesus e o seu Evangelho. Da catequese familiar e eclesial dependem a maturidade da fé dos cristãos e a vivacidade e o testemunho da Igreja.

A vocação dos catequistas é uma das mais importantes na fé católica, porque eles são os transmissores da fé recebida de nossos pais. Ser catequista é ter consciência de ser chamado e enviado para educar e formar na fé. Sabemos que há diversidade de dons e de ministérios, mas o Espírito Santo é o mesmo. Existem diversos modos de ação, mas é o mesmo Deus que age em todos e realiza tudo em todos. É assim que nos diz a Bíblia, a Palavra de Deus. Carisma é um dom do alto, que torna seu portador apto a desempenhar determinadas atividades e serviços em vista da evangelização e da salvação. Todo catequista tem um carisma e recebe este dom, que assume a forma do serviço da catequese na comunidade. É uma graça acolhida e reconhecida pela comunidade eclesial, que comporta estabilidade e responsabilidade. Ser catequista é uma vocação e uma missão.

Uma das preocupações fundamentais da Igreja hoje é a formação de seus agentes pastorais. Temos necessidade de muitos e santos evangelizadores. A vocação é essencialmente eclesial e está destinada ao serviço e ao bem da comunidade. A Igreja, como assembleia dos vocacionados à santidade, tem o compromisso e o dever de preparar, adequadamente, seus filhos e filhos para que realizem, com fé, amor e eficácia, o projeto de evangelização. Pela catequese, a Igreja contribui para que cada batizado cresça, amadureça e frutifique sua fé. Sabemos que uma das tarefas mais importantes da Igreja é ajudar cada um a encontrar seu projeto de vida, a perceber o chamado de Deus.

Aos fiéis leigos e leigas compete, por vocação própria, buscar o Reino de Deus ocupando-se das coisas temporais e ordenando-as segundo o Criador. Vivem no mundo, isto é, no meio de todas e cada uma das atividades e profissões, e nas circunstâncias ordinárias da vida familiar e social, as quais como que tecem a sua existência. Aí os chama Deus a contribuírem, do interior, à maneira de fermento, para a santificação do mundo, através de sua própria função. A eles compete muito especialmente esclarecer e ordenar todas as coisas temporais, com as quais estão intimamente comprometidos, de tal maneira que sempre se realizem segundo o espírito de Cristo, se desenvolvam e louvem o Criador e o Redentor. Por isso, neste domingo, de modo especial, rezemos por todos os leigos e por todos os catequistas para que sejam “Sal da terra e luz do mundo”.

O Papa Francisco, enquanto Arcebispo de Buenos Aires, em agosto de 2001, dirigiu a seguinte mensagem intitulada “Deixar-se encontrar para facilitar o encontro”, aos seus catequistas, em que disse: “A catequese necessita de catequistas santos, que contagiem com sua própria presença, que ajudem, com seu testemunho de vida, a superar uma civilização individualista, dominada por uma ‘ética minimalista e uma religiosidade superficial’. Hoje, mais do que nunca, urge a necessidade de se deixar encontrar pelo Amor, que sempre tem a iniciativa para ajudar os homens a experimentar a Boa-Nova do encontro”. (cf. Anunciar o Evangelho – Mensagens aos catequistas, Cardeal Bergoglio, Ecclesiae, pág. 18). Continua o futuro Papa: “Mas todos esperam, buscam. desejam ver Jesus. E por isso necessitam dos que creem, especialmente dos catequistas que ‘não só lhes falem de Cristo, mas também que de certa forma lh’O façam ver... Mas, o nosso testemunho seria excessivamente pobre se não fôssemos primeiro contemplativos do seu rosto”. (Obra citada, pág. 19).

Já como Romano Pontífice, o Papa Francisco ensinou a receita do catequista que: "partir novamente de Cristo significa imitá-Lo no sair de si e ir ao encontro do outro. Essa é uma experiência bonita, e um pouco paradoxal. Por qual motivo? Porque quem coloca no centro da própria vida Cristo, se descentra! Quanto mais se une a Jesus e Ele se torna o centro da sua vida, mais Ele o faz sair de si mesmo, o descentra e abre você aos outros”. "O coração do catequista vive sempre esse movimento de 'sistole – diastole': união com Jesus – encontro com o outro. Sistole – diastole. Se falta um desses dois movimentos, não bate mais, não pode viver". (http://br.radiovaticana.va/storico/2013/09/27/francisco_aos_catequistas_sejam_criativos,_n%C3%A3o_tenham_medo_de_romper/bra-732465, visualizado em 21 de agosto de 2016).

A pessoa do catequista é fundamental para a vida da Igreja. Por meio dela a Igreja vai exercendo de um modo específico a “educação da fé”. Bela missão, rica de possibilidades e também de desafios imensos. Ao percorrer um ano de atividades, nas suas mais variadas expressões e condições, segundo as diversas realidades pessoais, culturais, geográficas e mesmo de experiência de fé, convidamos todas as pessoas que exercem essa bela e árdua missão a lançarem um olhar sobre o caminho percorrido, para avaliação e um olhar para o futuro, para programação.

Para cumprir bem sua missão, o catequista deve ser uma pessoa inserida na comunidade eclesial, ter um espírito de abertura e humildade para procurar sempre crescer. É indispensável que o catequista tenha uma experiência pessoal e comunitária da fé para que sua missão seja frutuosa. Importante, ainda, é a participação do catequista em cursos de capacitação, mas é necessário também que tenha consciência de ser membro de uma equipe que trabalha para o mesmo objetivo e, por isso, deve cultivar uma vida comum, refletir, organizar, trabalhar e avaliar junto e, ainda, celebrar comunitariamente a fé e a missão.

Ao cumprimentar todos os queridos catequistas e as queridas catequistas de nossa Arquidiocese, expoentes fundamentais da transmissão da fé católica e da educação das novas gerações, o faço com o coração em festa, e espero que chegue a cada um e a cada uma meu mais comovente “Deus lhe pague” pelo seu trabalho. Sei que o seu abençoado trabalho é feito em nome de Cristo. Por isso, são atualíssimas as palavras do Papa Francisco que vão nos guiar neste dia, em ação de graças por cada catequista de nossa Igreja: “Cada ser humano precisa sempre mais de Cristo, e a evangelização não deveria deixar que alguém se contente com pouco, mas possa dizer com plena verdade: «Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim» (Gal 2, 20)”. (Papa Francisco, Evangelii Gaudium, 160). Nossos catequistas poderão dizer com santa felicidade: “Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim” (Gal 2,20). Essa é a nossa fé, a nossa missão: viver para Cristo e anunciá-Lo e testemunhá-Lo a todos. Sejamos eficazes nesta nossa santa missão. Que a Virgem Aparecida nos ilumine e continue fortalecendo todos os nossos catequistas!

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